sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Descriminalização e legalização do aborto


Situação jurídica do aborto ao redor do mundo:
  Legalizado em todos os casos.
  Proibido em todos os casos.
  Legalizado em caso de estupro, risco de vida, problemas de saúde ou má-formação do feto.
  Legalizado em caso de estupro, risco de vida ou problemas de saúde.
  Varia por região.
  Não há informação.
  Legalizado em caso de estupro, risco de vida, problemas de saúde, fatores socioeconômicos ou má-formação do feto.
  Legalizado em caso de risco de vida ou problemas de saúde.


        O aborto é um tema tratado com muitos equívocos e ambiguidades baseadas na maioria das vezes em experiências trágicas, além de ser visto como uma espécie de crime contra a vida, não somente por leigos, como também pelo código penal brasileiro.  Comporta uma análise sob aspectos éticos, morais, científicos, jurídicos, teológicos e, sobretudo aspectos políticos. Exatamente por isso, vem sendo discutida a descriminalização e a legalização do aborto⁽³ ⁴⁾.
        Muitos dizem: "o aborto é um crime, como alguém pode concordar com tal atrocidade?!" O aborto é basicamente a expulsão prematura de um embrião ou feto, causando-lhe o falecimento, que pode ocorrer de forma espontânea/natural ou induzida, por meio de medicamentos ou cirurgia⁽¹⁾. E sua legalização não tem nada de absurdo quando se conhece o que realmente a lei pretende e quais condições são pedidas para sua legalização. Há um tempo, mas confesso que também pensava dessa forma, até eu buscar me informar a respeito e achei importante compartilhar com vocês para um melhor esclarecimento dessa questão.
        O ponto inicial da tentativa de descriminalização do aborto vem de um movimento feminista desde a década de 70, como questão prioritária de direitos humanos, justiça social para as mulheres e a consolidação da democracia. Nessa época, a hierarquia da Igreja Católica com a disputa política sobre o aborto, leva as mulheres a o incluírem em suas exigências voltadas para a saúde integral feminina. Paralelo a isso, mulheres do interior da igreja tomaram partido e começaram a discutir a respeito do direito das mulheres em decidirem manter a gravidez ou não, além das  associações profissionais e partidos políticos, que também se posicionaram quanto a isso⁽³⁾. Desde então, esse tema vem sendo discutido por todos esses anos sem nenhuma conclusão.
        Tratar do direito ao aborto, hoje, significa ter como referência a justiça social e considerar os direitos de quem aborta e de quem exerce essa intervenção – mulheres e profissionais de saúde, a partir de quatro princípios éticos: o princípio da integridade corporal, que é o direito à segurança e o controle do próprio corpo, como um dos aspectos do conceito de liberdade reprodutiva e sexual; o princípio de igualdade, que inclui a igualdade de direitos entre mulheres e homens e entre todas as mulheres; o princípio da individualidade, que diz respeito à capacidade moral e legal das pessoas, implicando no direito à autodeterminação, o respeito à autonomia na tomada de decisões sexuais e reprodutivas e o princípio da diversidade, que se referem ao respeito pelas diferenças entre as mulheres⁽³⁾.
        Os únicos três casos nos quais o aborto pode ser praticado legalmente por médicos são: risco de vida da gestante, gravidez resultante de estupro e, desde abril de 2012, anencefalia. Nas últimas décadas a jurisprudência brasileira tem autorizado também a interrupção de gravidez nos casos de má formação fetal incompatível com a vida, mas até abril deste ano era preciso ter a autorização de um juiz⁽⁴⁾. Porém, embora seja legal o aborto diante dessas condições, o dilema que envolve esse tema é bem mais complexo, como já foi dito antes, comporta uma série de aspectos e dentre eles, o religioso tem um peso enorme para a não aceitação do aborto. Exemplo: ocorreu no ano 2009, em Alagoinha (PE), uma criança de 9 anos, que vinha sendo estuprada pelo padrasto a anos, engravidou de gêmeos e realizou um aborto legal, no entanto,  o arcebispo de Recife e Olinda, após o procedimento realizado, excomungou publicamente a mãe e os médicos que o fizeram⁽⁵⁾.
        Dentre os dias 9 e 12 de fevereiro, foram discutidas questões relevantes e pertinentes para a sociedade brasileira no 1º Encontro Nacional de Juristas Evangélicos, e a posição do presidente da Anajure, Uziel Santana, em relação ao aborto foi a mesma de muitos anos: "Como cristãos somos contra o aborto porque ele é um assassinato do feto. Entendemos que o feto não tem direito de defesa e, portanto, isso é assassinato. Está é uma posição fechada nossa, mas este é um tema que toda a sociedade precisa apreciar, porque a vida é o principal bem do direito ⁽⁶⁾".
        Diante de toda essa polêmica, o aborto sendo legalizado, geraria mais pontos positivos que negativos. Vou esclarecer quais são os tipos de aborto e em que condições eles acontecem:
  ♦  Aborto espontâneo, involuntário ou casual⁽¹⁾ocorre de maneira acidental ou natural. Em sua maioria, ocorre por má replicação dos cromossomos e/ou por fatores ambientais.
      ♦  Aborto induzido⁽¹⁾é o aborto procurado, voluntário. Se divide em algumas subcategorias:
            ▪ Aborto terapêutico:
                ⱶ Provocado para salvar a vida da gestante;
                ⱶ Para preservar a saúde física ou mental da mulher;
                ⱶ Para dar fim à uma gestação que resultaria numa criança com problemas congênitos que seria fatais ou associados com enfermidades graves;
                ⱶ Para reduzir seletivamente o número de fetos para diminuir a possibilidade de riscos associados a gravidezes múltiplas.
            ▪ Aborto eletivo: provocado por qualquer outra motivação.
      ♦  Quanto ao tempo de duração da gestação⁽¹⁾:
            ▪ Aborto subclínico: acontece antes de quatro semanas de gestação (antes de quatro semanas, é apenas um embrião, não possui sistema nervoso, logo, não sente dor);
             ▪ Aborto precoce: entre quatro e doze semanas;
             ▪ Aborto tardio: após doze semanas.

            Surgem as seguintes perguntas: "A mulher é necessariamente obrigada a manter uma gravidez indesejada, independente dela correr risco de vida ou não? Quais são as consequências para a criança não desejada? O que leva uma mulher a não querer manter a gravidez?"

            A questão é bem mais complexa do que a desinformação do povo. E a ignorância também pode matar.


    Fontes: 

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